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Meio Ambiente

Conscientização Ambiental do Ecossistema Litorâneo Manguezal pelo Projeto Mangue Mar na cidade de Rio das Ostras-RJ

Bióloga desde 2018, com licenciatura plena em Ciências Biológicas, professora e atuante na área, com especialização em Biologia Marinha e Oceanografia, Valdirene Lima trabalha como ambientalista há alguns anos, tendo participado inclusive de ações junto à WWF Brasil e Greenpeace, sempre trazendo consigo a consciência da importância da sustentabilidade e conservação do meio ambiente. Na página da Ciessência no Instagram, conversamos recentemente com a bióloga sobre educação ambiental e preservação do ecossistema manguezal por meio de seu Projeto Mangue Mar.

Entre os primeiros assuntos abordados durante a conversa com Valdirene, está a necessidade de termos um consumo consciente, a importância do reaproveitamento de materiais, a diminuição da geração de resíduos, como daqueles tão encontrados nas areias de todo o mundo, não apenas no Brasil, que são os produtos plásticos, dentre eles sacolas e copos descartáveis, sendo estes, na vasta maioria das vezes, usados por segundos para em seguida já serem descartados. Sempre atuante na área da educação ambiental, seja em sala de aula, seja em campo nas praias da cidade de Rio das Ostras-RJ, por meio de ações de coleta de resíduos, destaca que o trabalho voluntário, ao qual sempre guardou grande estima, veio apenas agregar à sua vida, a seus princípios, vindo apenas intensificar aquilo em que acredita e o que pratica em seu dia-a-dia.

Inclusive em sala de aula, busca sempre conscientizar os alunos, inclusive por meio das avaliações, em que já que chegou a adicionar questões relacionadas às diferentes formas de poluição ambiental, como química, física, biológica, da atmosfera, dos solos e rios. E também sobre o desenvolvimento sustentável, um termo ainda muito desconhecido em diversas áreas, como reforçado por ela, tanto no ambiente escolar como no acadêmico, corporativo, político. Precisa urgente ser colocado em prática.

A bióloga costuma divulgar e participar de ações de conscientização ambiental de diferentes formas, inclusive em estações de rádio, como na Rádio Novo Rio 87.9. No programa em que já participou, entre os temas abordados, foi o do uso de copos descartáveis, ocasião em que citou também sobre a conscientização na escola, onde em uma comemoração solicitou para os alunos não usarem copos descartáveis, lembrando que este tipo de copo plástico demora cerca de 400 anos para se decompor na natureza, sendo usado apenas por pouquíssimos segundos, contribuindo para poluição dos mares, onde toneladas de resíduos são descartados anualmente. Nas palavras de Valdirene, cabe aos ambientalistas, professores, biólogos contribuir para evitar ao máximo o uso de embalagens plásticas.

Trabalho de formiguinha

Quando a bióloga vai para as praias, como em ações pela ONG Mar sem Lixo – Núcleo Mar sem Lixo Rio das Ostras, núcleo muito atuante na cidade, muitas vezes escuta de colegas e amigos dizendo que está enxugando gelo, que está perdendo seu tempo, mas tem em mente a consciência de que precisa fazer sua parte, não porque é bióloga, mas porque é ser humano, porque todos precisamos deste planeta, de um ar limpo, de uma praia para poder frequentar em boas condições de uso. Também pensando nos filhos, nos filhos dos filhos, nas próximas gerações.

Valdirene destaca a importância dos dados científicos, lembrando que já há pesquisas comprovando a presença de microplásticos na corrente sanguínea, na placenta humana, nos pulmões, além de diversos animais. Um exemplo de pesquisa na área seria a realizada em rio urbano de Sorocaba-SP, em que se analisou a presença de microplásticos no conteúdo estomacal de peixes neotropicais. Há a necessidade de levar esses assuntos de forma suave para a população, de forma a não assustar e para que ao mesmo tempo toque na mente, na consciência, levando as pessoas a pensar o que pode ser feito para amenizar, mitigar os impactos que nós causamos no decorrer das décadas. Algo precisa ser feito agora, com urgência.

Na Praia da Joana, na cidade de Rio das Ostras-RJ, desde cerca de 2020, já fez cerca de 4 ações, sendo elas extremamente pesadas, mesmo que a extensão da praia não seja tão larga para chegar até a água e o comprimento da mesma também não seja grande. Nessa praia está presente a vegetação de restinga e uma das coisas que mais a impactou foi a presença de fraldas descartáveis, penduradas e fechadas na vegetação. Além disso também encontraram diversas garrafas de vidro da Fanta, que inclusive hoje em dia não se fabrica mais, inúmeras bitucas de cigarro, e na praia de Costazul, encontrou até mesmo uma dentadura, algo fora do comum.

O Projeto Mangue Mar

Nas palavras da bióloga Valdirene, o Projeto Mangue Mar “está aqui dentro do meu coração e ele está aqui dentro da minha mente, e ele conseguiu sair do papel”. O projeto é feito em parceria com a veterinária Rosângela Cordeiro. Como destaca Valdirene, uma das coisas que mais as move neste impulso que elas tiveram para ativar o projeto Mangue Mar é que Rosângela, além de ser grande conhecedora de meio ambiente, da fauna e da flora, é também apaixonada pela natureza.

“O Projeto Mangue Mar é um projeto meu de vida”.

Há alguns anos, quando estava fazendo educação ambiental com algumas escolas, a bióloga queria muito implementar o projeto no Rio de Janeiro, cidade que também tem bastante manguezal, como na Ilha do Governador. Como constatado por Valdirene, o manguezal naquela região apresenta considerável contaminação física, química e biológica. Em Rio das Ostras-RJ, onde atualmente reside, há uma grande extensão desse ecossistema.

O Manguezal é um ecossistema, tendo o mangue como vegetação. São três os tipos principais de vegetação que compõe o manguezal, sendo eles o mangue vermelho, mangue branco e mangue preto.

“Esse ecossistema é super importante para os oceanos e para a vida humana.”

O que as pessoas acham que esse ecossistema é: um ecossistema lamacento, muita lama, podre, mau cheiroso, nojento. O que chama atenção de quem é conhecedor do ecossistema: manguezal, rio, comunidade ribeirinha, organismos que vivem parte de sua vida ali, que se reproduzem ali. “Os manguezais são considerados um berçário marinho.” Então o que pode ser feito? “Nós vamos popularizar o conhecimento que esse ecossistema tem. Esse é o principal objetivo do projeto Mangue Mar: popularizar esse ecossistema, principalmente com vertente de conservação, conhecer os organismos que vivem ali, conhecer a sistemática desse sistema”, além de sua função, como nos atende, como podemos protegê-lo. O manguezal é um dos ecossistemas mais ameaçados do mundo, não apenas no Brasil.

Como se trata de ecossistema de proteção integral, uma APP (Área de Preservação Permanente), a princípio Valdirene e Rosângela vão trabalhar com materiais didáticos como banners e o grande conhecimento e experiência acumulados de ambas, levando conhecimento, ciência, de uma forma clara, dinâmica e prazerosa, de modo que a população entenda, levando em consideração o embasamento ambiental, jurídico, devendo estar respaldadas pelas leis ambientais. Como destaca a bióloga, não podemos sair adentrando em um ecossistema onde têm organismos ali que são os protagonistas, como o caranguejo uçá, animal que tem defeso em algumas épocas do ano, quando as fêmeas não podem ser pescadas por estarem em desova, além de ser berçário também de aves, alevinos, gastrópodes.

Durante a conversa com Valdirene Lima, ela explica também sobre a execução, juntamente com sua parceira do projeto, de um estudo para o Mangue Mar e para o trabalho de conclusão de curso (TCC) de Rosângela, e uma das coisas que repararam bastante, principalmente na praia da Boca da Barra, foi a presença de fezes de animais, algo que será também trabalhado em seu projeto. Este tipo de resíduo pode afetar a saúde e qualidade da vida humana, da água, do solo, e também dos animais marinhos. A praia da Boca da Barra faz divisa com a foz do Rio Leripe, que abastece a cidade, conhecido também com Rio das Ostras. No início de 2023, junto com a ONG Mar Sem Lixo, Valdirene deu partida para limpar o manguezal na cidade e, nesse período, Rosângela Cordeiro também estava fazendo seu TCC e Valdirene veio para ajudar a fazer os estudos e práticas em campo.

A bióloga reforça que o Projeto Mangue Mar visa ser inclusivo, e independente e contínuo, no sentido de não depender de parceiros para levar a educação ambiental, que é sua principal vertente, indo em instituições de ensino, em praça pública ou na praia e destaca também a dimensão socioambiental, que é onde entra o Projeto Social Pão e Peixe, em que vão estar pelo menos uma vez ao mês fazendo algum tipo de atividade com as crianças do projeto, voltado para o manguezal. Por fim, esta página gostaria de fazer das palavras de Valdirene Lima, a nossa:

“Se cada um fizer um pouquinho, juntos, fazemos um montão. Não deixe de fazer algo pelo nosso planeta amanhã ou depois, faça hoje. Não existe planeta B, a gente precisa cuidar de nossa segunda casa.”

Confira também: Pesquisa da UFRGS e UEA aponta que fungos da casca-preciosa podem ser capazes de degradar plástico

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