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Meio Ambiente

Pesquisadores estudam o uso do Mandacaru in natura e modificado por microemulsão como biossorvente para óleo diesel

A remediação de derramamentos e vazamentos de óleo e seus derivados na água e no solo, bem como a diminuição de seus impactos ambientais, têm sido uma preocupação constante dos órgãos ambientais no Brasil e no mundo, devido à alta mobilidade e toxicidade dos hidrocarbonetos.

Como observado pelos autores do estudo, a persistência desses poluentes no meio ambiente causa contaminação contínua por hidrocarbonetos monoaromáticos, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e hidrocarbonetos totais de petróleo. A presença desses hidrocarbonetos pode gerar problemas por vários anos e até décadas. Os hidrocarbonetos aromáticos são tóxicos mesmo em baixas concentrações e têm efeitos biológicos prejudiciais, mutagenicidade e carcinogenicidade.

Em particular, o benzeno e o benzo(a)pireno trazem uma grande preocupação ambiental porque podem ser prejudiciais à saúde pública, especialmente quando as fontes de abastecimento são afetadas. Nesse contexto, várias técnicas têm sido propostas e utilizadas para limpeza e recuperação de áreas contaminadas por derramamentos de óleo, como métodos físicos, métodos químicos, como queima in situ e solidificadores, e biorremediação.

Apesar das propriedades favoráveis dos sorventes sintéticos para remoção de óleo, sua baixa biodegradabilidade é uma grande desvantagem. A maior parte desses sorventes acaba em aterros sanitários ou são incinerados, gerando resíduos que contaminam ou tornam caro o processo de remediação. Portanto, o uso de biossorventes tem surgido como método alternativo para a remoção de contaminantes orgânicos por utilizarem biomassas de baixo custo e serem de grande abundância, a exemplo de serragem de madeira, rejeito de folhas, bagaço de cana, fibra de coco, casca de arroz, entre outras.

O Brasil, particularmente, é um dos líderes mundiais em matéria-prima para produção de biomassa porque grande parte de seu território ainda é coberto por florestas nativas. Entre os biomas brasileiros, a caatinga, um bioma específico do Brasil, é um dos mais remotos e menos estudados. Dentre os cactos encontrados no semiárido brasileiro, o Mandacaru (Cereus jamacaru DC) é uma biomassa alternativa que pode ser utilizada como biossorvente. Diversos estudos destacam a versatilidade do Mandacaru por meio de sua utilização como forragem nutritiva, alimento, combustível, na área de tecnologia, construção civil, ornamentação e para diversas aplicações medicinais e industriais, com ênfase no uso medicinal e forrageiro.

Na pesquisa de Anjos et al (2020), foi investigada a capacidade de sorção desta planta in natura e quando modificada por microemulsões, para óleo diesel. Nos sistemas de microemulsão foi utilizado o surfactante não iônico nonaetilenoglicol monododecil éter (Alkonat-L90). Os experimentos de sorção de óleo foram conduzidos com óleo diesel S-10 fornecido pela Petrobras (Guamaré, Brasil).

A faixa de granulometria 500-150 µm foi utilizada nos testes de sorção, por ter obtido o maior percentual do particulado de Mandacaru. Os pesquisadores também investigaram a capacidade de sorção em gasolina, hexano, tolueno, vaselina e óleo lubrificante, durante 60 minutos de contato com o Mandacaru modificado (CJDC-µE1). Os resultados mostraram que a capacidade de sorção do CJDC-µE1 diminui para os óleos de baixa viscosidade e aumenta para os óleos de maior viscosidade. Sendo o óleo lubrificante com maior capacidade de sorção para CJDC-µE1.

Nas condições experimentais, observou-se que 1 g de CJDC-µE1 pode sorver 3,54 g de óleo diesel. A microemulsão em estudo mostrou eficiência no processo de modificação de Mandacaru, tendo aumentado sua porosidade e área superficial. Após esta modificação, observou-se um grande aumento em sua capacidade de sorção, com aumento de 111% quando comparado ao CJDC não modificado. Por meio das análises realizadas, foi possível concluir que os resultados do CJDC-µE1 indicaram que este material é promissor para aplicações como sorvente para óleo diesel.

Em geral, destacam os autores, é difícil fazer uma comparação direta sobre as capacidades de absorção de óleo entre diferentes sorventes de óleo, devido aos diferentes modelos de óleos e peso de um sorvente de óleo usado. No entanto, uma comparação com outros dois estudos com óleo diesel, usando turfa, curauá e coco, deram uma indicação de que o Mandacaru modificado teve uma capacidade de absorção de óleo superior ou comparável à maioria dos sorventes de óleo, podendo contribuir para um tratamento mais sustentável e eficiente de áreas contaminadas.

Fonte: ANJOS, R. B. dos; ANJOS, A.S.D. dos; JUVINIANO, H.B.M.; SILVA, D. R. da; DANTAS, T.N.C. Study of Mandacaru (Cereus jamacaru DC), in natura and modified by microemulsion, as a biosorbent for diesel oil. Acta Scientiarum Technology, 43(1), e49874, 2020.
Leia o artigo completo. Acesse: doi.org/10.4025/actascitechnol.v43i1.49874.

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