LOADING

Escreva os termos da sua busca

Pesquisadores analisam por sete safras uso da fertilização orgânica com irrigação na produção de café no cerrado brasileiro

Ciências Agrárias

Pesquisadores analisam por sete safras uso da fertilização orgânica com irrigação na produção de café no cerrado brasileiro

O cerrado brasileiro cobre mais de 200 milhões de hectares (ha), abrangendo os Estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Bahia, Piauí, Maranhão e Distrito Federal, e tem se destacado pela produção de café, ultrapassando 5 milhões de sacas.

Naturalmente, a irrigação é essencial, tendo aumentado nas principais regiões cafeeiras brasileiras. Porém, como observado por Fernandes et al (2020), nos últimos anos, com as mudanças climáticas, têm-se observado anos com déficits hídricos superiores a 150 mm, afetando o desenvolvimento vegetativo e produtivo da cultura e também a reposição de nascentes superficiais e subterrâneas. Por isso, a criação e adaptação de tecnologias de produção de café sob irrigação total e suplementar são essenciais para permitir uma alta produtividade contínua e econômica sem danos ambientais.

Uma prática que pode permitir uma melhor retenção de água no solo é a fertilização orgânica, que melhora as propriedades físico-químicas e biológicas do solo, influenciando direta ou indiretamente a fertilidade do solo. A matéria orgânica melhora a aeração, permeabilidade, retenção de umidade do solo, disponibilidade de nutrientes para as plantas e aumenta a capacidade de troca catiônica (CTC). Nesse contexto, a pesquisa avaliou os efeitos de diferentes combinações de irrigação e fertilização orgânica (esterco) sobre a produtividade e qualidade do café produzido na região do Cerrado mineiro, no caso no município de Araguari (MG).

Os tratamentos considerados foram os seguintes: T1: irrigação de 100% da necessidade hídrica do café; T2: não irrigado; T3: irrigação de 100% da necessidade hídrica do café + adubação orgânica (esterco de galinha, 10 ton ha-1); T4: não irrigado + fertilização orgânica (esterco de galinha, 10 ton ha-1); T5: irrigação de 50% da necessidade hídrica do café + fertilização orgânica (esterco de galinha, 10 ton ha-1).

O experimento foi realizado durante nove anos: dois anos designados para a formação da safra, período de desenvolvimento das plantas até que se tornassem produtivas, e sete safras consecutivas a partir de então. As avaliações consistiram em medidas de produtividade e distribuição por peneiras em cada tratamento.

Atribuindo o valor de 100% para o tratamento com irrigação total (Tratamento 1), em sete safras, observou-se que a testemunha sem irrigação produziu 56% menos (19,4 sacas processadas ha-1). Ao adicionar 10 ton ha-1 de esterco de galinha (Tratamento 4), a redução foi menor, apenas 29% em relação à irrigação total sem matéria orgânica.

Adicionando fertilizante orgânico ao tratamento com irrigação total (Tratamento 3), foi possível obter a maior produtividade em 7 anos, 50,3 sacas produzidas por hectare, 13% acima do tratamento com irrigação total sem fertilizante orgânico. Devido à maior concentração de matéria orgânica, nutrientes e umidade do solo, as camadas superficiais (0-10 e 10-20 cm) tendem a apresentar maior concentração radicular, otimizando a absorção de água e nutrientes. Outro resultado bastante satisfatório foi obtido utilizando apenas metade da irrigação necessária, 50% (Tratamento 5), com adubo orgânico, o que permitiu uma média de 48,2 sacas processadas por hectare em 7 safras

Analisando a classificação por peneiras e considerando as peneiras 17 ou superiores, que estão relacionadas às sementes maiores e geralmente associadas a um melhor preço do produto final, os melhores resultados foram obtidos com os tratamentos irrigados (100% da necessidade de água do café + matéria orgânica) e irrigação de 50% da necessidade hídrica do café + matéria orgânica, com percentuais de 32,2 e 32,0%, respectivamente, com resultados maiores em 11 e 10%, respectivamente, quando o tratamento é considerado padrão (irrigação total, sem matéria orgânica – Tratamento 1). O tratamento sem irrigação e sem matéria orgânica (T2) teve 42% menos frutos com as maiores peneiras (17 ou mais), com um total de 16,8%.

Como mostram os resultados, o uso do fertilizante orgânico se mostra bastante promissor. Como concluído pelos pesquisadores, após 7 safras, o uso de matéria orgânica permite a redução da lâmina de irrigação aplicada à cultura do café, o que pode permitir ao cafeicultor irrigar o dobro da área com a mesma disponibilidade de água, mas com redução de cerca de 4% no tamanho do grão. Além disso, a adição de matéria orgânica aos tratamentos irrigados permitiu a colheita dos frutos em peneiras maiores, e a utilização de esterco aviário, associada ou não à irrigação, permitiu os melhores resultados químicos do solo.

Fonte: FERNANDES, A.L.T.; JÚNIOR, E.F.F.; SANTANA, M.J.; SILVA, R.O.; DIAS, M.M. Use of organic fertilization with irrigation in coffee production in brazilian cerrado. Revista Ambiente & Água [online], v. 15, n. 5, e2578, 2020.
Leia o artigo completo. Acesse: doi.org/10.4136/ambi-agua.2578.

Compartilhe
Tags:

Leia Também

Leave a Comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *