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Ciências Agrárias

Estudo analisa o uso de coberturas alternativas do solo para o controle das perdas em regiões semiáridas

A região semiárida do nordeste brasileiro é marcada por elevadas incertezas quanto à ocorrência de chuvas intensas, bem como por anos sequenciados de secas. Esses fenômenos naturais, somados à reduzida utilização de práticas conservacionistas, podem gerar perdas de solo em regiões semiáridas.

Além disso, como observado na pesquisa de Lima et al (2020), a rápida expansão populacional em áreas semiáridas e o uso intensivo do solo, somados à ausência de práticas conservacionistas, vêm gerando a degradação acelerada dos solos dessa região. Esse processo de degradação do solo é ainda mais preocupante em ambientes como o agreste pernambucano, dados a irregularidade da precipitação nessa região, com chuvas mal distribuídas temporal e espacialmente, a ocorrência de eventos pluviométricos de curta duração, a elevada intensidade e o alto potencial para desencadear fortes processos erosivos.

A recuperação de áreas degradadas com culturas perenes contribui para minimizar a erosão do solo. O plantio de oleaginosas exóticas não convencionais perenes, como moringa (Moringa oleifera Lam.) e nim indiano (Azadirachta indica A. Juss.), vem se intensificando no semiárido brasileiro, por se adaptarem às condições climáticas da região e às características do solo. A moringa é uma espécie da família Moringaceae, nativa do sul do Himalaia (Índia e Paquistão), e nim é da família Meliceae, nativa do Paquistão, Bangladesh, Birmânia, Índia, Sri Lanka, Malásia e Cuba.

Nesse contexto, o estudo teve como objetivo avaliar a importância do uso de cobertura morta e espécies de oleaginosas não convencionais perenes (Moringa oleifera Lam. e Azadirachta indica A. Juss.) no controle da erosão do solo em parcelas de erosão, em condições de chuvas naturais. O estudo foi realizado na bacia representativa do Mimoso, localizada no município de Pesqueira (PE), Brasil.

O solo da área de estudo foi classificado, de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solo, como neossolo regolítico, relativamente raso, com cerca de 0,85 m de profundidade. O solo estudado, de textura franco arenosa, possui baixa capacidade de retenção de água.

O período de estudo compreendeu os anos de 2016 e 2017, com coletas de dados concentrados de janeiro a julho, abrangendo a estação chuvosa da região. Monitoraram-se o escoamento e a perda de solo durante todos os eventos individuais erosivos (que geraram escoamento). Na área de estudo, instalaram-se três parcelas de erosão, cada uma com área igual a 40 m2 (2 × 20 m), com a maior dimensão da parcela na direção da inclinação. As parcelas foram colocadas numa declividade longitudinal de 10%, e, em cada uma delas, aplicaram-se os seguintes tratamentos:

T1: oleaginosas não convencionais, moringa (Moringa oleifera Lam.) e nim (Azadirachta indica A. Juss.), plantadas com espaçamento de 3 × 3 m entre plantas e fileiras;

T2: oleaginosas não convencionais com presença de cobertura morta de pó de coco (Cocos nucifera L.) sobre a superfície do solo de densidade de 8 t ha-1; as espécies foram plantadas de modo similar ao plantio do tratamento T1;

T3: solo descoberto.

Ao se analisar a variação temporal de umidade do solo nos três tratamentos de cobertura do solo, observam-se maiores umidades do solo no período chuvoso para o tratamento T2 (oleaginosas + cobertura morta). A vegetação associada à cobertura morta atuou na retenção de água, reduzindo a evaporação e elevando, consequentemente, a umidade do solo. A introdução de cobertura morta, bem como a associação de barreiras ao escoamento, permite maior retenção de água no solo em relação a solos descobertos e com vegetação pouco desenvolvida.

O evento mais erosivo do ano de 2017 ocorreu no dia 18 de maio, com precipitação de 60,2 mm. Esse evento foi responsável por gerar o maior escoamento (7,27 mm) e perda de solo (0,014 kg m-2) no tratamento T3. Em contrapartida, para os tratamentos T1 e T2, o efeito protetor da cobertura vegetal e morta reduziu as perdas de solo em 95 e 99% em relação ao tratamento T3.

Como pôde ser observado com as informações acima, a cobertura do solo com oleaginosas e cobertura morta resultou em menores valores de escoamento e perdas de solo comparativamente ao solo descoberto, uma vez que a cobertura agiu tanto na dissipação da energia cinética da chuva como na retenção de água no solo e na absorção/intercepção da água da chuva. Além disso, foi observado pelos autores que o rápido desenvolvimento das oleaginosas em condições de sequeiro trata-se um indicativo de que essas espécies podem ser utilizadas na recomposição de áreas degradadas no semiárido brasileiro.

Fonte: LIMA, C.A. de; MONTENEGRO, A.A.A.; LIMA, J.L.M.P. de; ALMEIDA, T.A.B.; SANTOS, J.C.N.dos. Uso de coberturas alternativas do solo para o controle das perdas de solo em regiões semiáridas. Engenharia Sanitária e Ambiental [online], v. 25, n. 3, p. 531-542, 2020.
Leia o artigo completo. Acesse: doi.org/10.1590/s1413-41522020193900.

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