Estudo avalia a remoção acelerada de micropoluentes, tais como fármacos e hormônios, com a aplicação de microaeração em reator anaeróbio
A importância de pesquisas nessa área é percebida quando se considera que diversos micropoluentes de diferentes classes, como fármacos e hormônios, são consumidos mundialmente a cada ano. Exemplos de compostos farmacêuticos incluem analgésicos, antibióticos, antidepressivos, dentre outros. Compostos como o bisfenol A, usado principalmente na produção de policarbonato e resinas epoxi, também apresentam atividade estrogênica. A presença de tais poluentes em ambientes aquáticos resulta em impactos na fauna, flora e na saúde humana.
Os impactos destes tipos de compostos no ambiente, que incluem a ocorrência de toxicidade das águas, aumento da resistência de bactérias patogênicas, endometriose, aumento na incidência de câncer de mama e próstata, mostram a necessidade e importância do desenvolvimento de processos que promovam a efetiva remoção de micropoluentes e outros poluentes prioritários.
Estes processos podem ser não-biológicos (físicos, químicos, e físico-químicos) e biológicos. Dentre as diferentes possibilidades, uma se trata do uso de reatores anaeróbios, usado no artigo científico em destaque. Os autores afirmam que, segundo seus conhecimentos, não tem havido investigações relacionadas à microaeração de reatores anaeróbios para remoção de micropoluentes, método alvo de seu estudo.
Segundo os pesquisadores, que usaram águas residuárias sintéticas, as eficiências de remoção de micropoluentes sob condições anaeróbias em seus experimentos foram muito baixas (<10%) em suas análises, mas com a microaeração (1 mL/ar.min a 27ºC e 1 atm) os resultados apresentaram melhora expressiva quanto à eficiência de remoção (maiores que 50%) de todos os componentes considerados no estudo, sendo estes: fármacos, hormônios e bisfenol A.
Com estes resultados, o estudo mostra que a suplementação de reatores anaeróbicos com quantidades pequenas de oxigênio parece se tratar de uma estratégia interessante para a melhoria da remoção dos micropoluentes considerados. Quanto à estrutura da microbiota, as comunidades de bactérias e arqueas não foram comprometidas pelas condições dos testes e preservaram sua organização funcional durante todo o experimento.
Os autores também destacam a necessidade da realização de estudos adicionais a serem realizados com outros componentes para se avaliar a ampla aplicabilidade da microaeração para diferentes classes de micropoluentes tanto em sistemas de tratamento em escala laboratorial quanto aplicações em grande escala.
O projeto contou com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap).
Leia o artigo completo. Acesse: dx.doi.org/10.1590/s1413-4152201920190030.