O poder das flores na cidade: a substituição de vegetação lenhosa exótica por jardins de flores silvestres aumenta o número de insetos e reduz os custos de manutenção
Declínios consideráveis na biodiversidade e biomassa de insetos são relatados em muitas regiões e habitats. Além da perda considerável de organismos que são por si só valiosos, a perda de insetos é considerada prejudicial às interações entre espécies e processos ecossistêmicos relacionados. À medida que as evidências relacionadas ao declínio dos insetos e a conscientização do público aumentam, medidas estão sendo buscadas para impedir esse desenvolvimento. É o que constata pesquisa publicada na Revista Plos. Além de um uso mais prudente de agroquímicos, incluindo uma aplicação reduzida de pesticidas e fertilizantes, a (re) criação de habitats adequados tanto em áreas rurais como urbanas está sendo discutida e já implementada.
No ambiente urbano, o estabelecimento de jardins de flores perenes no lugar de estruturas anteriormente construídas ou mesmo gramados, se trata uma das medidas mais importantes para atração de insetos. Menos óbvio, mas ainda relevante, é a melhoria de outros tipos de espaços verdes urbanos existentes. Em muitas cidades, os espaços verdes, incluindo plantações de beira de estrada, são dominados por plantas lenhosas introduzidas (“exóticas”), podendo até trazer alguns efeitos positivos no bem-estar humano, mas menos relevantes em insetos e processos relacionados a esses organismos. Uma medida eficaz para melhorar esses espaços verdes pode ser substituir as plantas exóticas por plantas nativas e, assim, melhorar a relação entre os espaços verdes e a fauna regional.
Na pesquisa, foram avaliadas a influência do tipo de vegetação, idade, tamanho, localização (distância ao limite da cidade) e regime de corte. Foi analisada a abundância de 13 táxons de artrópodes – Opiliones, Araneae, Isopoda, Collembola, Orthoptera, Aphidoidea, Auchenorrhyncha, Heteroptera, Coleoptera, Nematocera, Brachycera, Apocrita, Formicidae – e também o impacto nos custos de manutenção. O estudo foi realizado na área administrativa de Riedstadt, no sudoeste da Alemanha.
Durante o estudo, foram coletados mais de 27.000 indivíduos de artrópodes nas parcelas de vegetação urbana de beira de estrada. Foi verificado que muitos táxons de artrópodes se beneficiaram nos jardins em termos de abundância de atividade de artrópodes em armadilhas de queda e densidade de artrópodes em amostras de sucção padronizadas. O número de artrópodes em prados foi 212% maior em armadilhas de queda e 260% maior em amostras de sucção em comparação com a vegetação lenhosa.
O estudo mostrou que a vegetação de beira de estrada em áreas urbanas pode servir de habitat para uma grande variedade de taxa de artrópodes e que a substituição de vegetação lenhosa exótica por vegetação herbácea nativa pode aumentar significativamente o número de artrópodes que vivem em espaços verdes urbanos, independentemente do tamanho e isolamento dessas áreas. Além desses efeitos da conversão da vegetação, o estudo também mostrou que a idade do prado e o estado de corte podem influenciar fortemente a ocorrência de diferentes táxons de artrópodes. Locais não cortados apresentaram um aumento de 63% da densidade total de artrópodes em comparação com áreas cortadas.
No que diz respeito à sustentabilidade econômica, é enfatizado que a conversão da vegetação urbana anteriormente manejada intensivamente em prados de flores silvestres pode contribuir para reduzir efetivamente os custos de manutenção de espaços verdes, sendo que esses espaços tiveram custos cinco vezes menores em comparação com áreas com vegetação lenhosa. Em um mundo de crescente urbanização, com crescentes impactos ao meio ambiente, áreas com as características propostas nesta pesquisa levam à valorização e mostram a importância de espaços verdes urbanos adequadamente gerenciados com vistas à conservação da biodiversidade.
Leia o artigo completo. Acesse: oi.org/10.1371/journal.pone.0234327.