Analisada a viabilidade econômica e ambiental do asfalto que utiliza borracha de pneus inservíveis em comparação a pavimentos convencionais

Atualmente, a pavimentação asfáltica tem sofrido amplos desgastes devido ao tráfego. Diversas pesquisas e tecnologias tem se desenvolvido, solucionando os problemas do asfalto e avançando também em melhorias ligadas ao meio ambiente. De acordo com os dados da CNT (Confederação Nacional do Transporte), o Brasil apresenta 100.763 km de rodovias pavimentadas, em que 57,2% dessas rodovias são classificadas como regular, ruim ou péssima. E entre os principais pavimentos frequentemente empregados destacam-se o CBUQ (Concreto Betuminoso Usinado a Quente) e TSD (Tratamento Superficial Duplo).

Como observado no estudo de Carvalho, Almeida e Júnior (2020), é natural que a pavimentação asfáltica vá se deteriorando com o grande tráfego de veículos e com o passar o tempo, por isso é importante a atenção ao período de vida útil e principalmente respeitar o tempo de manutenção de cada pavimento. Entre os problemas mais vistos na pavimentação asfáltica, tem-se os trincamentos, desintegrações (panelas, desgastes, desplacamento de capa), deformações (depressões, escorregamentos de massa asfáltica) e a exsudação.

A partir dessas patologias surge a necessidade de renovação de métodos e materiais para que se possa atingir maior vida útil do pavimento. Neste contexto, o asfalto-borracha surgiu como uma nova tecnologia mais resistente às patologias comumente observadas em pavimentos flexíveis. Este produto utiliza da adição do agregado borracha oriundo de pneus inservíveis. Em relação a essa informação, por exemplo, no Brasil, segundo o Serviço Social do Transporte (SEST) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT), cerca de 450 mil toneladas de pneus inservíveis são descartadas por ano de forma incorreta no meio ambiente.

Este pavimento apresenta características elásticas, tornando-se assim um pavimento com maior durabilidade e resistência às intempéries e esforços solicitantes. Como vantagem principal, este revestimento apresenta uma vida útil elevada, podendo chegar até 40% se comparado ao asfalto convencional, retardando a necessidade de reparos e atribuindo maior fluidez ao tráfego de veículos.

Há alguns anos a adição do agregado borracha oriundo de pneus inservíveis tem sido recebida com grande relevância por conter características melhores nos seguintes aspectos: permeabilidade, resistência, aderência e durabilidade. Nos Estados Unidos, esse tipo de rodovia foi implantado há mais de 40 anos, dessa forma há estados americanos que já possuem até 70% de asfaltamento de borracha, já no Brasil, essa tecnologia chegou apenas nos anos 2000, depois que a patente que protegia a tecnologia venceu.

No artigo publicado na Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental, pesquisadores buscaram estudar sua viabilidade econômica e ambiental em relação aos asfaltos convencionais (CBUQ e TSD). Foi realizado também o levantamento das principais vantagens econômicas e benefícios gerados para o meio ambiente. Foram analisadas licitações que utilizassem os tipos de pavimentos do estudo para obtenção de informações tais como conferência de procedimentos necessários para fabricação de cada pavimento, tendo sido considerados os procedimentos e/ou materiais utilizados nos itens de camada de rolamento, base e subleito dos três tipos de pavimentos.

Com as análises realizadas, foi possível verificar que a viabilidade da pavimentação com asfalto borracha é tecnicamente positiva, sustentável e economicamente viável, levando em consideração os benefícios ambientais e o custo-benefício em longo prazo.

Na camada de rolamento, observou-se uma maior diferença no valor unitário relacionado ao custo de fabricação do revestimento. Entre os revestimentos, o pavimento de borracha apresenta maior valor devido ao processo de fabricação, onde existe a necessidade de passar os pneus inservíveis por um processo de transformação.

Mediante os demonstrativos de tabelas, gráficos e estudo de viabilidade, os pesquisadores afirmam que apesar de ter um custo mais elevado, o asfalto- borracha se faz viável mediante a resistência maior em comparação aos demais pavimentos. O custo relativamente superior é justificado claramente pela qualidade e desempenho.

Por fim, pode-se estudar e analisar maneiras de ampliar o uso dessa tecnologia. A baixa taxa de manutenção desse tipo de pavimento também é um dos principais aspectos favoráveis à sua utilização. Portanto, a busca por formas de incentivar ainda mais a utilização deste tipo de pavimento em obras administradas por órgãos governamentais é fundamental para a diminuição dos gastos de manutenção das vias